terça-feira, 4 de novembro de 2014

Quem é você, depressivo?

O psiquiatra vê você com um desvio, algo fora do padrão de normalidade comparando com o homem saudável.
Existe algo que causa sofrimento que desequilibra que altera o nível de neurotransmissores no cérebro, que independe de você este estado abre possibilidade para o tratamento farmacológico.
Mas pensamos também no fator sociocultural.
Pensamos de onde veio esse sofrimento que levou você à depressão? Pode responder todos os fatores que levou ao estado depressivo? Liste.
Precisamos pensar que sofrimentos aconteceram dentro das relações (pai, mãe, irmãos, marido mulher, amigos, filhos, trabalho...).
Lembrando que o psiquiatra também passa por essa dinâmica e que muitas vezes esquecem que uma intervenção rápida baseada só em receitas de um psicofarmaco pode levar a uma lógica consumista mercadológica. Você precisa ser ouvido, sua história é o caminho para a cura.
Observamos também que não só o psiquiatra passa pela intervenção rápida, mas você também quer algo que funcione rápido, esquecendo que levou vários anos para chegar ao estado depressivo atual e que precisa levantar tudo que aconteceu na sua história para ir eliminando essa energia negativa de cada acontecimento.  O tratamento demanda tempo.
Não existe a pílula mágica, bebeu curou. Você é o sujeito da sua história, você tem o poder em suas mãos para muda-la. O medicamento só oferece certa tranquilidade para você agir. Você precisa agir. Reagir. Construir uma nova forma de viver, sem tanto sofrimento.
Hoje há um excesso de diagnóstico de depressão e de necessidade de medicamentos, e uma identificação com o diagnóstico de depressão (o Dr. falou sou depressivo, sou ansioso, sou, sou ele falou).
É mais cômodo para você aceitar um diagnóstico, do que descobrir o que esta por trás dessa depressão?
É mais fácil colocar sua vida na mão do outro do que tomar conta dela, lutar por ela, é mais fácil se abandonar nos braços de um antidepressivo ansiolítico, na esperança de que um comprimido mude a sua vida.
Essa trama toda faz parte do esquecimento de quem é você, da singularidade (todos podem tomar o mesmo remédio para depressão, encaixa na mesma caixa), você se tornou triste como todos os outros, pelos mesmos motivos?
Por que você quer calar o que te causa sofrimento? Por que se tornar cúmplice de um sofrimento coletivo do qual não se responsabiliza?
Já parou para pensar que você é a causa do seu sofrimento e por isso pode elimina-lo, esta em suas mãos buscar todos os meios e alternativas de cura?
O seu estado depressivo faz parte do discurso que constitui as relações sociais.
Citação de Tavares e Hashimoto (2010) parece ser muito ilustrativa:
“Diante da angústia do desamparo, facilmente as individualidades têm predileção por encontrar um nome que identifique sua fraqueza, e que, de preferência, seja uma dessas ‘patologias da moda’, pois assim é garantia certa de que sua dor e insuficiências podem ser tratadas pelo arsenal medicamentoso disponível. Somado ao alívio imediato e imaginário explícito no pensamento muito comum de que ‘ainda bem que se tem remédio para isso hoje em dia’, tem-se ainda a ‘vantagem’ de se poder evitar o trabalho psicoterápico, pois ‘pega mal’ hoje em dia precisar do outro” (p. 96).



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