Quem é você, depressivo?
O psiquiatra vê você com
um desvio, algo fora do padrão de normalidade comparando com o homem saudável.
Existe algo que causa
sofrimento que desequilibra que altera o nível de neurotransmissores no cérebro,
que independe de você este estado abre possibilidade para o tratamento farmacológico.
Mas pensamos também no
fator sociocultural.
Pensamos de onde veio
esse sofrimento que levou você à depressão? Pode responder todos os fatores que
levou ao estado depressivo? Liste.
Precisamos pensar que
sofrimentos aconteceram dentro das relações (pai, mãe, irmãos, marido mulher,
amigos, filhos, trabalho...).
Lembrando que o
psiquiatra também passa por essa dinâmica e que muitas vezes esquecem que uma intervenção
rápida baseada só em receitas de um psicofarmaco pode levar a uma lógica
consumista mercadológica. Você precisa ser ouvido, sua história é o caminho
para a cura.
Observamos também que não
só o psiquiatra passa pela intervenção rápida, mas você também quer algo que
funcione rápido, esquecendo que levou vários anos para chegar ao estado
depressivo atual e que precisa levantar tudo que aconteceu na sua história para
ir eliminando essa energia negativa de cada acontecimento. O tratamento demanda tempo.
Não existe a pílula mágica,
bebeu curou. Você é o sujeito da sua história, você tem o poder em suas mãos
para muda-la. O medicamento só oferece certa tranquilidade para você agir. Você
precisa agir. Reagir. Construir uma nova forma de viver, sem tanto sofrimento.
Hoje há um excesso de diagnóstico
de depressão e de necessidade de medicamentos, e uma identificação com o
diagnóstico de depressão (o Dr. falou sou depressivo, sou ansioso, sou, sou ele
falou).
É mais cômodo para você
aceitar um diagnóstico, do que descobrir o que esta por trás dessa depressão?
É mais fácil colocar sua
vida na mão do outro do que tomar conta dela, lutar por ela, é mais fácil se
abandonar nos braços de um antidepressivo ansiolítico, na esperança de que um
comprimido mude a sua vida.
Essa trama toda faz parte
do esquecimento de quem é você, da singularidade (todos podem tomar o mesmo remédio
para depressão, encaixa na mesma caixa), você se tornou triste como todos os
outros, pelos mesmos motivos?
Por que você quer calar o
que te causa sofrimento? Por que se tornar cúmplice de um sofrimento coletivo
do qual não se responsabiliza?
Já parou para pensar que
você é a causa do seu sofrimento e por isso pode elimina-lo, esta em suas mãos
buscar todos os meios e alternativas de cura?
O seu estado depressivo
faz parte do discurso que constitui as relações sociais.
Citação de Tavares e
Hashimoto (2010) parece ser muito ilustrativa:
“Diante da angústia do
desamparo, facilmente as individualidades têm predileção por encontrar um nome
que identifique sua fraqueza, e que, de preferência, seja uma dessas
‘patologias da moda’, pois assim é garantia certa de que sua dor e
insuficiências podem ser tratadas pelo arsenal medicamentoso disponível. Somado
ao alívio imediato e imaginário explícito no pensamento muito comum de que ‘ainda
bem que se tem remédio para isso hoje em dia’, tem-se ainda a ‘vantagem’ de se
poder evitar o trabalho psicoterápico, pois ‘pega mal’ hoje em dia precisar do
outro” (p. 96).
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